segunda-feira, 1 de abril de 2013

Movimento dos Cineclubes completa um século em 2013

Jornal A Tarde, 27/03/2013
Por Thalita Lima


Na Bahia, várias iniciativas mantêm a experiência compartilhada de ver filmes
A primeira organização documentada como cineclube, segundo pesquisadores da área, foi o Cinema do Povo, em Paris, no ano de 1913. Portanto, comemora-se em 2013 o centenário do movimento cineclubista, fundamental para a formação de importantes cineastas ao longo do século 20.

O movimento persiste em todo o mundo, mas acabou sendo ofuscado em parte pelas novas formas de desfrutar cinema.

“A experiência de ir ao cinema está se tornando muito particular, solitária. Pra você complementar, precisa conversar sobre ela”, diz Adalberto Meireles, jornalista e dono do blog C de Cinema.

Essa ideia de cinema solitário se opõe à essência do movimento cineclubista, que visa à experiência compartilhada, com discussões sobre os temas e o acesso democrático aos filmes.

Cineclube na Bahia

No entanto, há ainda muitas iniciativas bem-sucedidas em termos de cineclubismo no Brasil e na Bahia, inclusive fora da capital. A representante da União de Cineclubes da Bahia, Gleciara Ramos, diz que “entre os cerca de 80 cineclubes da União, 50 estão em cidades do interior”.

Essa democratização do acesso é uma luta antiga, cujo principal expoente foi o cineclubista baiano Luiz Orlando da Silva.

Na capital, em prol da mesma luta, cineclubistas dedicam projetos para levar exibições à periferia. Como exemplos, estão o Cineclube Clã Periférico, no Bairro da Paz, e o Ceafro, com exibições no Largo Dois de Julho, dentre muitos outros.

Os projetos também se estendem às escolas ou grupos de capoeira, como o Cineclube Roberto Pires, que exibe filmes antes das rodas, na Associação Camugerê Capoeira (Itapuã).

Alguns são itinerantes, sem lugar fixo, como o Cineclube Caleidoscópio. “Falamos com a Associação de Moradores que queremos fazer uma exibição em uma praça e a divulgação fica por conta deles”, diz Lucas Moura, fundador do Caleidoscópio.

Luciano Lopes, representante do Cineclube O Cinema Vai à Feira, realizava sessões para moradores do Alto do Cabrito (e adjacências), em Salvador. Atualmente, pretende levar exibições às escolas públicas.

Um dos poucos cineclubes com programação fixa é o Socioambiental, que veio para a capital em 2012. Após parceria com a Dimas (Diretoria de Audiovisual/Funceb), exibe na sala Alexandre Robatto (Barris).

Nova edição da Jornada de Cineclubes pretende comemorar centenário na Bahia

A 29a. Jornada de Cineclube, que estava marcada para acontecer em 2012, teve sua realização prorrogada. Uma assembleia que acontecerá no dia 30, em Vitória (ES), decidirá a nova data do evento. A negociação está sendo feita com o Ministério da Cultura e a Secult para que a jornada aconteça entre setembro e dezembro.

Gleciara Ramos diz que a ideia levada pela organização baiana é marcar o evento para o final de novembro, na Ilha de Vera Cruz ou de Itaparica.

A proposta da jornada será discutir o acesso e a distribuição e dar novas diretrizes para o movimento.

Celebração

Toda a programação pensada para a jornada pretende celebrar os 100 anos do movimento cineclubista no mundo.

O evento abrigará o VII Encontro Iberoamericano de Cineclubes, da Federação Internacional de Cineclubes (FICC), que começa um dia depois do início da jornada. O tema desse encontro é Na Baía de Todos os Santos, o Cinema é do Público. “Queremos fazer uma jornada que marque o movimento cineclubista”, diz Gleciara.

Diversidade

A distribuidora cineclubista Mar Digital receberá filmes que abordem a temática da diversidade para serem distribuídos gratuitamente para escolas públicas, cineclubes e entidades parcerias durante o evento.

As inscrições vão até o final de março, mas poderão se estender após decidirem a nova data do evento. Podem se inscrever pessoas físicas ou cineclubes.

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