quarta-feira, 2 de maio de 2012

SOBRE O CINE TEATRO JORGE AMADO EM ITABUNA -BAHIA

Mas que milhão pode comprar a liberdade? Nenhum! Vamos seguir sonhando verdores, se eles virão ou não, que importa ao sonhador?
Fernando Caldas 

Eu acreditei e ainda acredito que podemos reativar o antigo cine teatro Itabuna. Não acredito em governos, esse ou aquele, mas que um dia a consciência coletiva grapiúna supere as trevas. Em relação ao cine teatro, a FICC já havia conseguido apoio do Banco Santander, também já havia reservado um montante próprio e tinha marcado reuniões com grupos interessados, inclusive com a Vale (eles próprios nos telefonaram mostrando interesse), e já tinha um projeto arquitetônico em fase final.

Não sou político no sentido estrito. Sonho uma Itabuna digna, humanizada, ambientalmente equilibrada e que enfatize as artes, a educação. Como diz o outro, tendo uma harmonia possível, sem grandes utopias. Mas o tempo ainda é de trevas, de absoluta ignorância.

Nesse sentido, não vejo grandes diferenças entre os gestores de Itabuna e a maioria do seu povo. Bares prosperam em Itabuna, farmácias e casas mortuárias, nada mais. Itabuna é muito boa para a Ambev, mesmo quando Itabuna se desloca para o litoral, nos feriados prolongados.

Fui fundador do grupo GRAMA, da Fundação Pau Brasil, do Núcleo de Ciências Agrárias da UESC, do Núcleo de Cultura da Loja Rosacruz de Itabuna e também da FICC. Sou autor do Projeto de Artes para Crianças e Jovens, hoje chamado de PAB, do Projeto Multiarte Firmino Rocha, dos Projetos de Resgate Literário e Musical de Itabuna, dentre outros. Não me cansei ainda, não desisti.

Agora mesmo, estou ajudando a fundar a Associação Itabunense de Artistas. Tudo sempre a troncos e barrancos, batendo de frente com o imaginário itabunense, que não consegue abandonar seu ranço de coronelismo, sangue e analfabetismo. A grande questão é: há razão em ajudar os que não querem ser ajudados? Sim, há. Porque enquanto houver crianças torna-se necessário construir castelos de sonhos.

Orgulho-me muito de não ser de partido nenhum, de não precisar puxar saco de ninguém, de dizer o que penso. Não preciso de Azevedo, nem de Geraldo, nem de Fernando, nem de qualquer político. Porque Itabuna não tem outros donos, senão o seu povo – mesmo que esse povo ignore profundamente a força que tem. O preço que pago é ser pobre. Mas que milhão pode comprar a liberdade? Nenhum! Vamos seguir sonhando verdores, se eles virão ou não, que importa ao sonhador?

Fernando Caldas é diretor de projetos da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC).

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